quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mano Changes propõe grupo de trabalho para debater restrições argentinas a produtos brasileiros



         O deputado Mano Changes (PP) propôs nesta quarta-feira (06.04), durante audiência pública na Comissão do Mercosul, a criação de um grupo técnico de trabalho para aprofundar a discussão sobre as restrições argentinas às exportações brasileiras. O trabalho, que será desenvolvido em parceria com federações e associações industriais, buscará montar um banco de dados sobre problemas verificados nas relações comerciais entre os dois países e pretende levar a questão às instâncias dos governos estadual e federal. "É inconcebível que o Brasil tenha um superávit comercial com a Argentina de US$ 4 bilhões, enquanto o Rio Grande do Sul amarga um déficit de US$ 1,7 bilhão. Precisamos criar algo que seja equilibrado e justo, especialmente para o Estado", defendeu.
           
            Manifestações
            Luiz Alberto Mincaroni, representante da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI), sublinhou que as restrições impostas pela Argentina têm aumentado os custos das empresas. Ele estimou que o valor do frete cairia em 30% se o comércio não sofresse constantes restrições por parte do governo argentino.
            Frederico Behrends, da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, afirmou que, quando o Mercosul foi criado, em 1991, a iniciativa privada não teve participação. Somente em 1994 criou-se uma união aduaneira, considerada por Behrendf uma precipitação. Ele relatou que está em negociação um grande acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que envolverá a agricultura e a indústria brasileira e novamente estão ocorrendo dificuldades pelo posicionamento da Argentina, que não possui o mesmo nível de capacidade da indústria e da agricultura brasileiras. Com relação à balança comercial superavitária brasileira no comércio com a Argentina, disse que o maior prejudicado é o Rio Grande do Sul, que possui um déficit de 1,7 bilhão.
           O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas, Cláudio Bier, relatou que o setor tem sofrido muito com as barreiras impostas pela Argentina aos produtos fabricados no Brasil. Por conta disso, algumas empresas do setor estão dispensando parte de seus funcionários até que as restrições sejam derrubadas. Bier ainda relatou que o setor de máquinas e implementos agrícolas tem gestionado junto ao governo federal para que as restrições sejam melhor administradas pelos negociadores brasileiros. Para ele, a Argentina se aproveita do fato de o Brasil possuir um superávit comercial para impor as restrições.
           O representante da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) Hernane Cauduro destacou que o estado é o segundo maior produtor de máquinas e equipamentos do Brasil. O Rio Grande do Sul produz 65% das máquinas agrícolas do país, 60 % das máquinas da construção de estradas e é o maior produtor de máquinas e equipamentos para o setor calçadista. "Por esta característica do nosso estado, pela proximidade com os países parceiros do Mercosul, o Rio Grande do Sul é um exportador natural de máquinas e equipamentos para a Argentina", justificou Cauduro. Ele também criticou subsídios do governo argentino para a produção de máquinas, criando uma concorrência desigual para os produtos brasileiros.
           Alexandre Querino Ruas, representante da Agco, relatou as dificuldades encontradas pela empresa para exportar seus produtos para a Argentina. "A gente está enfrentando sérios problemas com as licenças de importações da Argentina", sublinhou. Segundo Ruas, a empresa possui aproximadamente 400 máquinas paradas, deixando de ser faturadas, a um valor de 15 milhões, prejudicando também a continuidade da produção das diversas unidades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário